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terça-feira, 7 de abril de 2009

OUTRA VEZ E AINDA SEPARAÇÃO

CRÔNICA 46


Normalmente uma separação não ocorre da noite para o dia. Os casais se separam aos poucos e às vezes levam até anos se separando. Ou seja, não é fácil. É a primeira causa de depressão, superando mesmo a viuvez. Logo devemos ser tolerantes com aqueles que se encontram em pleno processo de separação. Por exemplo, usar a expressão adolescente “a fila andou” é de extremo mau gosto. E certamente o que foi deixado não vai gostar de ouvir que o seu relacionamento é objeto de tal comparação.
Mesmo quando a pessoa sai de casa “para comprar cigarros e não volta nunca mais”, provavelmente houve indícios de que ela iria embora, ainda que não desta forma abrupta. Acontece que muitas vezes um dos dois, ou até os dois, não quer reconhecer que o relacionamento está se modificando, isto é, acabando, e finge que as coisas vão bem.
Lembro-me da velha história da mulher que sempre servia o peito do frango para o marido, achado que era o seu pedaço favorito, e ele aceitava, porque achava que sua mulher preferia a coxinha. Os dois pensavam que estavam se sacrificando para agradar o outro, quando na verdade estavam de fato abrindo mão da parte predileta do frango e, ao mesmo tempo, passando a imagem de egoístas. Isto é um claro exemplo de falta de diálogo, porque os dois “supunham” mas não conheciam as preferências de quem está a seu lado há anos.
Achamos que fazemos algo para a felicidade do outro e nunca perguntamos se era isto ou aquilo que o outro queria. Mas como ele não vai gostar do bife de fígado que preparei com tanto carinho? Só que muita gente não gosta de bife de fígado, feito com ou sem carinho. Bifes e metáforas à parte, temos que perguntar sempre o que o outro quer, o que ele deseja, e não impor o nosso gosto ou uma preferência do senso comum. Ora, todo carioca gosta de praia, como ela não vai querer dar um mergulho no Recreio?
Outra coisa usada erradamente é a estatística: se a os casais têm em média três relações por semana, se temos três ou quatro estamos dentro da média; se os casais saem para lazer só nos fins de semana, por que teríamos que ir ao teatro numa quinta-feira? Ora, a vida não cabe em estatísticas nem em médias aritméticas. Imagine ter que assistir aos programas televisivos que abomino para poder estar na média ou ter que ouvir certo tipo de música só para estar de acordo com as estatísticas?
Isto só para falar de coisas pequenas. Imagine termos que mudar a nossa conduta, os nossos desejos, porque a maioria pensa ou age assim? Logo é melhor conversar com o nosso companheiro e saber de
que ele gosta e não se espantar ou censurar se for algo bem diferente do que esperávamos. O outro não é obrigado a ser o nosso espelho.
Katia Sarkis



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