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sábado, 4 de abril de 2009

NADA É GRÁTIS!


CRÔNICA 45


Há muito tempo eu percebi quase ninguém pergunta de onde vem o dinheiro para pagar qualquer coisa. A despesa sendo paga, estão todos felizes. E isto não quer dizer que a maioria das pessoas seja interesseira ou desonesta. Passo este tipo de análise aos terapeutas. A minha leitura é de outra ordem. Parece-me que a sociedade sofre de um “complexo de filho”, isto é, espera que o Grande Pai resolva todas as coisas, inclusive que pague as contas. Desdobrando ainda, diria que o mal é da falta de responsabilidade. Quem não é responsável não se preocupa em pagar nada, portanto a ele não interessa saber de onde vem o dinheiro.
Você já reparou que as pessoas aceitam dinheiro ou presente que estariam além da capacidade financeira do “anjo-da-guarda” sem se questionar como eles foram obtidos? Ficam satisfeitas e agradecidas e basta. Não digo que elas devessem se dirigir para o doador é indagar como ele, tendo um salário x, pode dar um presente tão caro. Mas que perguntassem a elas mesmas. A experiência, contrariando à lógica, me provou que a maioria não quer saber se é viável ou não alguém que, por exemplo, ganhe 3 mil reais tenha um carro de 100 mil. Se for o pai o autor de tal mágica, o filho se sentirá amada pelo “esforço” do pai por esta compra inverossímil e ainda esperará o tanque cheiro toda semana.
A sogra chama de inteligente, capaz ou bem-sucedido o genro que leva uma vida bastante acima de seu salário e de pobre coitado o outro que vive fielmente de acordo com os números de seu contracheque. Jamais passará pela cabeça desta senhora que seu genro tem uma atividade ilegal e lucrativa, além do seu emprego formal. E talvez não tenha mesmo. Mas esta não é a nossa questão aqui.
Coloco na mesa da discussão o fato de quase ninguém querer saber como as contas são pagas nem de querer pagá-las. Quando o assunto é dinheiro, há uma tendência a se esperar que o outro faça mais por nós do que nós estamos dispostos a fazer pelo outro. Isto acontece porque somos eternamente filhos imaturos e irresponsáveis?

KATIA SARKIS



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