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domingo, 12 de abril de 2009

A VIDA É HOJE!


CRÔNICA 47

Lembrei-me da frase de John Lennon, muitas vezes citada, de que “vida é o que acontece, enquanto fazemos planos para o futuro”. Primeiro, não quero dizer com isto que não devamos pensar no futuro ou que não devamos fazer planos. Ao contrário, se não nos dedicarmos agora a construir o dia seguinte, aquilo que no momento chamamos de futuro jamais chegará. Em um exemplo simples, se não economizarmos durante dois anos para adquirimos a máquina de que necessitamos em nosso serviço e que nos ajudará a ganhar mais dinheiro, não a teremos daqui a dois anos, ou seja, neste tempo futuro visto de hoje.
Pessoas de menos instrução têm, regra geral, mais dificuldade de visualizar o futuro e de administrar o presente para que amanhã não tenham certas dificuldades. Outro exemplo simples, muitos operários recebem o salário semanal e não mensalmente, como a maioria, pelo simples fato de que não sabem lidar com o dinheiro. Como gastam tudo na mesma semana, se recebessem o salário de uma vez só, passariam três semanas por mês com problemas financeiros. Esta forma de pagamento, principalmente com operários de obra, mostra bem a má relação entre tempo e dinheiro.
Voltemos ao tema. A vida não pode estar num ponto futuro, na dependência do que não existe hoje. Temos que viver o presente e, ao mesmo tempo, fazer o futuro. Não há jogo de palavras aqui. O presente não pode se negar em nome de uma vida que só vai acontecer daqui a tanto tempo, isto é, se outras coisas acontecerem também. Supomos que eu só seja feliz, se estiver formado em Direito, logo durante os cinco anos do curso, eu estarei em estado de infelicidade, não-felicidade ou de pré-felicidade, pois ainda não sou advogado.
É fácil ao lermos este hipotético caso, acharmos um absurdo colocar a felicidade (ou outro nome que queira usar) como dependente de um diploma de Direito ou do exercício de sua profissão. Podemos admitir que eu me sinta melhor depois de formado, e melhor ainda, se realizado na profissão escolhida. Isto é normal. Só não podemos suspender o tempo e não “vivermos” durante cinco anos, ou, caso não consigamos passar no vestibular ou se, mais tarde, não consigamos concluir o curso, nossa vida estará definitivamente perdida?
E nós, no dia a dia, estamos adiando a nossa vida em nome de algo, supostamente melhor, no futuro? Será que não estamos nos descuidando do presente porque ainda não temos ou não somos alguma coisa. A vida não pode esperar. Até porque não sabemos até quando ela vai. Quanto menos fingirmos que não sabemos que ela é passageira, nós a viveremos melhor, com o que tivermos e formos no momento.
Que tal não nos adiarmos mais? Que tal sermos o que queremos agora? Não podemos pedir aos outros que nos esperem, nem ao tempo que nos aguarde lá fora. Abra já a sua porta para o presente.

Katia Sarkis

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