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sábado, 21 de março de 2009

QUEM TEM MEDO DE SI MESMO?



CRÔNICA 37



Um amigo, leitor assíduo, me aconselhou procurar um analista, porque, segundo ele, eu tenho fixação na palavra responsabilidade. Quanto à análise, já faço e não penso em mudar de analista. Já quanto à responsabilidade, ela é mais, bem mais do que uma palavra que, por ventura, apareça com frequência nos meus textos. Não fiz a pesquisa, para comprovar estatisticamente que ela seja a campeã, mas espero que a observação deste amigo esteja certa. Diria que ela tem a ver com o meu tema preferido: o livre-arbítrio. Afinal, como pensar o homem sem pensar o livre-arbítrio?
Escritores ou não, todos nós temos as nossas obsessões, as nossas temáticas repetitivas nas conversas banais do dia a dia. Que a minha seja a responsabilidade é uma satisfação, e isto não me torna a pessoa mais responsável do mundo, apenas uma pessoa que pensa esta questão, por pensar sempre o homem.
Sem o intuito de “revidar” a observação, até porque ela me agradou, me perguntei se esta palavra incomodava ou não o meu amigo. Um analista, ao qual não o recomendarei, talvez pudesse fazer comentários mais esclarecedores, se soubesse que se trata de uma pessoa que, apesar dos 35 anos, ainda mora na casa do pai, de quem depende parcialmente para pagar as suas despesas.
O tema agora é outro. Por que será que às vezes as questões colocadas pelos outros que nos desagradam nós vemos como fixações, obsessões ou manias? Ou seja, como algo que foge a uma normalidade. De que estamos fugindo? Se não suportamos ouvir falar muito em responsabilidade, talvez sejamos irresponsáveis. Se nos incomoda tanto o tema da honestidade, talvez sejamos pelo menos um pouco desonestos.
Os nossos medos são muitos. O maior de todos é vê-los à nossa frente.


Katia Sarkis

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