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terça-feira, 3 de março de 2009

MIMETISMO


CRÔNICA 19



Talvez alguns estranhem a palavra e não saibam seu significado, mas ela vai aqui de propósito. Lembrem-se de mímica e de imitação e vejam como todos sabem o que é mimetismo. Ou, para usar uma expressão coloquial, diria que se trata da síndrome da maria vai com as outras.
Fazendo um parênteses: não devemos ter medo de palavras novas, não devemos nos acomodar na fácil ignorância. Como este assunto merece sozinho uma crônica, volto ao mimetismo, característica das pessoas que imitam as outras, sem nenhum tipo de questionamento. Só fazem o que já foi feito, o que tem o aval dos outros. Ou seja, são cópias, papel carbono das outras vidas.
Muitos vão achar que maria vai com as outras é só aquela vizinha do 407 ou a prima que mora em Botafogo ou o colega da repartição, e não querer identificar em si mesmo alguma característica deste personagem, ainda mais que o nome é depreciativo.
Agora pense quantas vezes você tomou uma decisão porque achava que a sua família esperava que você fizesse exatamente aquilo; ou teve uma conduta, porque seu pai faria da mesma forma; ou usou uma roupa para ser aceito pelo grupo social; ou comprou um produto porque todos estavam comprando um igual. Veja que desde coisas simples a outras mais sérias, mais profundas em sua vida, você talvez esteja agindo só por “mimetismo”. Você está imitando os outros e, pior, nem percebe, afinal existem justificativas excelentes para a sua imitação existencial: a tradição, a normalidade, o bom senso, a família, a sociedade, o grupo social.
O mimetismo mata a individualidade e faz com que as pessoas se pareçam e se reproduzam de modo medíocre. A palavra medíocre já esclarece tudo: é a média, no mau sentido do termo. Pense bem: você quer ser medíocre? Não, não é mesmo? Então por que perguntar a sua irmã o que ela acha de seu vestido antes de usá-lo? Ou querer a opinião de sua colega sobre seu novo namorado? Ou, o que é mais sério, por que votar num candidato que vai manter as coisas como estão? Se você é um macaco de imitação, que tal sair dessa jaula e vir para o lado de fora, o lado dos homens, com todas a suas diferenças?


Katia Sarkis

4 comentários:

  1. Uoooou! Gostei do final.

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  2. QUE PENA QUE ESPAÇOS COMO ESSES TÃO ACESSÍVEIS E AO MESMO TEMPO PROFUNDO ESTEJAM PARADOS. COISAS BOAS PRECISAM MANTER OS MOVIMENTOS!

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