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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009



CRÔNICA 12


ALGO SOBRE A FELICIDADE


Li ontem uma entrevista sobre relacionamento amoroso, da qual retiro a resposta para a pergunta sobre a difícil felicidade na vida a dois. Disse o professor entrevistado que a questão não era o grande número de casais infelizes (ou não felizes) na vida a dois, mas que as pessoas não são felizes sozinhas. Segundo ele, viver feliz é algo que poucos conseguem, independente de terem um par ou não.
Agradou-me a resposta, pois coloca a felicidade no seu devido lugar, ou seja, dentro de cada um de nós e dependente exclusivamente de cada um. A vida a dois já tem sido responsabilizada demais. Por que não dizer que fulano não é feliz, no lugar de fulano não é feliz na vida amorosa? A felicidade é um bilhete lotérico? Está entregue nas mãos dos deuses? Ou cabe exclusivamente a nossos parceiros nos fazer feliz ou infeliz? Nós não temos nada a ver com a nossa felicidade?
Coitada da Maria, mas também vivendo com João, que volta e meia se torna violento. E que dizer de José, cuja companheira está sempre desempregada. Isto para não falar da Carla, pobrezinha, cujo marido a deixou por uma jovem de vinte anos. Pior é caso de Antônio, traído pela mulher e por seu suposto melhor amigo. A lista não tem fim. Todos os personagens acima são infelizes, porque são infelizes nos seus relacionamentos.
Não é a verdade. Eles são infelizes porque são infelizes.
E, concordando com o entrevistado, como a maioria das pessoas não é feliz, prefiro usar o termo não-feliz a infeliz, diminuindo a carga de sofrimento da palavra. Além do que há vários estágios intermediários entre a felicidade e a infelicidade, e são nestes estágios que frequentemente nos encontramos.
Devemos, sim, preservar a vida a dois, com a consciência de que ela não é uma abstração, mas uma construção histórica, feita, como o nome diz, sempre a dois.


Katia Sarkis


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