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sábado, 28 de fevereiro de 2009


CRÔNICA 17

A CULPA É SEMPRE DOS OUTROS!


Ouvi no sinal outro dia um diálogo entre vendedores de bandeiras esportivas, perto de um estádio. Um reclamava com o outro que tinha vendido muito pouco na véspera, quando houve um jogo entre dois times grandes, sendo um aqui da cidade. Dizia que a torcida deste time era de fato muito “muquirana” e que raramente comprava bandeiras. E que assim não dava para trabalhar direito.
Pensemos nesta conversa como uma parábola. Primeiro vamos reconhecer que, apesar da fala ser de um vendedor humilde, certamente com pouca instrução e sem habilidade para exercer outra profissão, ela poderia ser dita por um executivo, com ligeiras adaptações. Ele reclamaria dos clientes que não compram seus produtos ou mesmo de outros países que não aumentam as importações.
Você está me acompanhando? Seja lá a profissão que for e a sua provável remuneração, muitas vezes atribuímos ao outro, ou seja, às “torcidas muquiranas”, a nossa falta de sucesso, digamos assim. Será mesmo que a torcida C, ao contrário das torcidas A e B, não compra de propósito as bandeiras vendidas à porta dos estádios? Não sou especialista em futebol, mas acredito que não.
Ora, é mais fácil fazer como o vendedor irritado: culpar a torcida - obviamente não era a de seu time – por seus problemas financeiros. Será que ele não pensa que aquele torcedor não lhe comprou a bandeira, porque ontem também ninguém lhe comprou os produtos que vende ou não lhe pagou pelos serviços que oferece? Ou, ainda: será que ele não pensou que ele também ontem não comprou nada de ninguém, não movimentando, assim, a roda do dinheiro?
É claro que ele não pensou em nada disto. Mas, como tomamos estas reclamações como parábola, podemos nos perguntar, e não a ele, se muitas vezes não responsabilizamos os outros por nossas dificuldades financeiras e por nossos insucessos profissionais?
Por que não repensar sobre as nossas atividades? Será que nossos produtos e serviços têm mercado? Será que não temos que fazer mudanças? Quais?
Quando? O mais cedo que nós, e não os outros, pudermos.


Katia Sarkis

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