CRÔNICA 6
NÃO À NEUTRALIDADE
Há os que sofrem da “síndrome da Suíça”, isto é, são como os chamados países neutros. Não vou aqui analisar as razões desta neutralidade. Mas, a princípio, desconfio das neutralidades e as temo. Para mim são sempre suspeitas e pouco respeitáveis. Curiosamente, às vezes dá-se uma inversão e o indivíduo diz com orgulho que é neutro, que não se põe de um lado nem do outro. Como se ele não fizesse parte do mundo, ou a ele fosse superior.
No dia a dia, com frequência somos obrigados a dar uma opinião, a escolher um lado e a arcar com as consequências. Sim, é mais fácil “ficar em cima do muro”, ser vago e reticente, de forma a não se comprometer. Talvez até nos achem educados, sensatos ou mesmo maduros, quando, na verdade, estamos sendo covardes e alienados. Desde a reunião de condomínio do prédio até a eleição para presidente da república, devemos externar nosso ponto de vista e defendê-lo, sem receio de desagradar ou de ficar mal visto. Porque uma coisa, é certa, sempre desagradaremos e ficaremos mal vistos, em algum momento. A mim, por exemplo, os neutros desagradam e muito.
Nem falo aqui daqueles que só se pronunciam depois que a maioria já deu seu parecer ou seu voto. O Maria vai com as outras é um caso grave e merece comentários à parte. Falo, por ora, do que, em nome de uma suposta paz, manifesta seu apoio a gregos e troianos, com o intuito de aparentar modos civilizados, como quem se encontra acima do bem e do mal.
Só que não há território neutro, o mundo é um campo minado nos sentidos literal e metafórico. Não há bandeira branca que nos garanta a invunerabilidade diante das balas dos dois lados. E se reparamos bem a expressão “fogo amigo”, tão usada em guerras recentes, também ocorre dentro de nossa família ou de nosso local de trabalho.
Não temos imunidade, como se diz na política; ou não estamos a salvo, como se diz na filosofia. O fato é que nas pequenas coisas cotidianas também não podemos optar pela abstenção, pois ela não existe. Ou “sujamos as mãos” ou “sujamos as mãos”. A menos que você queira fazer papel de Pilatos. Mas de que vale ter as mãos limpas, enquanto o sangue de Cristo corre diante de seus olhos?
O mundo é feito pelos homens que tomam partido.
Katia Sarkis
Há os que sofrem da “síndrome da Suíça”, isto é, são como os chamados países neutros. Não vou aqui analisar as razões desta neutralidade. Mas, a princípio, desconfio das neutralidades e as temo. Para mim são sempre suspeitas e pouco respeitáveis. Curiosamente, às vezes dá-se uma inversão e o indivíduo diz com orgulho que é neutro, que não se põe de um lado nem do outro. Como se ele não fizesse parte do mundo, ou a ele fosse superior.
No dia a dia, com frequência somos obrigados a dar uma opinião, a escolher um lado e a arcar com as consequências. Sim, é mais fácil “ficar em cima do muro”, ser vago e reticente, de forma a não se comprometer. Talvez até nos achem educados, sensatos ou mesmo maduros, quando, na verdade, estamos sendo covardes e alienados. Desde a reunião de condomínio do prédio até a eleição para presidente da república, devemos externar nosso ponto de vista e defendê-lo, sem receio de desagradar ou de ficar mal visto. Porque uma coisa, é certa, sempre desagradaremos e ficaremos mal vistos, em algum momento. A mim, por exemplo, os neutros desagradam e muito.
Nem falo aqui daqueles que só se pronunciam depois que a maioria já deu seu parecer ou seu voto. O Maria vai com as outras é um caso grave e merece comentários à parte. Falo, por ora, do que, em nome de uma suposta paz, manifesta seu apoio a gregos e troianos, com o intuito de aparentar modos civilizados, como quem se encontra acima do bem e do mal.
Só que não há território neutro, o mundo é um campo minado nos sentidos literal e metafórico. Não há bandeira branca que nos garanta a invunerabilidade diante das balas dos dois lados. E se reparamos bem a expressão “fogo amigo”, tão usada em guerras recentes, também ocorre dentro de nossa família ou de nosso local de trabalho.
Não temos imunidade, como se diz na política; ou não estamos a salvo, como se diz na filosofia. O fato é que nas pequenas coisas cotidianas também não podemos optar pela abstenção, pois ela não existe. Ou “sujamos as mãos” ou “sujamos as mãos”. A menos que você queira fazer papel de Pilatos. Mas de que vale ter as mãos limpas, enquanto o sangue de Cristo corre diante de seus olhos?
O mundo é feito pelos homens que tomam partido.
Katia Sarkis
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