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domingo, 15 de fevereiro de 2009



CRÔNICA 9



O PESO DA PALAVRA ESCRITA

Certa vez li que o dono de uma agência publicitária, sempre que algum funcionário vinha lhe dizer que tinha uma grande idéia, pedia para que a colocasse por escrito e que a trouxesse depois. A maioria não voltava, pois simplesmente não conseguia colocar a ideia, tão genial, no papel. Eis aqui um bom teste. Se você não souber escrever o que pensa, deixe de lado este pensamento, que ele não lhe será útil. Pense outras coisas. A linguagem é sempre a prova dos nove.
É também um excelente espelho. Muitas vezes só percebemos as coisas, quando as vemos escritas na folha. A palavra, ou a sua ausência, fala mais alto. Faça a seguinte experiência. Ela serve como um teste vocacional barato, para quem não sabe que faculdade escolher e que carreira seguir. Não faz mal que você não seja mais um adolescente e até já seja formado. A experiência, é claro, terá outro valor, se bem que ainda possa mostrar a você que se encontra na profissão errada. Se for o caso, sempre é tempo de mudar.
Os testes vocacionais, que não pretendo substituir aqui, lidam basicamente com aptidões e interesses e sugerem as carreiras que mais se aproximam dos seus desejos e de suas capacidades. Vamos então ao teste. Vá para um lugar tranquilo, com caneta e papel, e faça uma lista com dez coisas que você acha que faz bem; depois, faça outra com dez coisas de seu interesse. Não pense muito, não se censure. Escreva de forma espontânea, mesmo que a idéia que venha à mente pareça absurda ou ridícula. Lembre-se de que ninguém lerá este papel, portanto não minta nem para você.
Caso você não seja o mais sincero possível, este teste não terá validade. Ou servirá ao menos para mostrar que você vive mentindo para você. Mas supondo que você tenha sido honesto, leia as duas listas. Se a finalidade fosse escolher uma profissão, o bom desempenho em Biologia e o interesse por assuntos de saúde confirmariam uma tendência para as carreiras na área de ciências. Não sendo o nosso caso, vejamos para que serve um teste tão simples.
Para ter surpresa quanto aos nossos verdadeiros interesses, por exemplo. Alguém com vinte anos num escritório de advocacia subitamente admite que a sua grande paixão são as artes plásticas; ou alguém que trabalhe como enfermeiro descobre que nunca teve paciência com os outros e que tem dificuldades em servir. Ora, este dois, por razões diferentes, deveriam procurar outras atividades com urgência.
Recordo-me de outro exemplo significativo deste teste aparentemente banal. Feito o pedido das listas para um grupo de adolescentes, a maioria só escreveu três ou quatro coisas de interesse. Logo foi fácil perceber por que sentiam tanto tédio, eles afinal tinham pouco interesse pela vida. Diziam que o mundo era sem graça, quando eles é que eram apáticos. Por ora, é a minha proposta. Olhe se você conseguiu colocar dez coisas de seu interesse, em ordem de prioridade de preferência. Conseguiu, sendo sincero? Que bom! Agora escreva o que você faz para satisfazer as necessidades de cada interesse.
Fique à vontade. Escreva com calma, pense outra vez, tente se lembrar de suas ações, inclusive das pequenas ações. Depois confronte as duas listas. Se não gostou do resultado, o que acha que pode ser feito? Escreva uma nova lista. Para iniciar, só com três ações que o ajudariam a alcançar seus objetivos e se comprometa com estas ações. Olhe só a sua imagem nitidamente refletida nesta lista-espelho. Não se espante, afinal você é o que faz.

Katia Sarkis








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