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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

VOCÊ E A VIDA



CRÔNICA nº1
O DIA A SEU ALCANCE

Era domingo de outono e fazia sol. Mal abri a janela, a lembrança da floresta da Tijuca entrou. Há tempos não a frequentava. Saí depois do café, sem levar o jornal. Sentia falta da natureza, não de reportagens sobre o mundo. Queria o mundo matéria, não a sua versão a serviço de algum interesse. Houve uma época em que pegava uma cadeirinha de praia e ir ler os jornais em algum parque da Floresta. Admito que era gostoso: pegava um “sol”, ao mesmo tempo que me mantinha em dia com os acontecimentos. E a tranquilidade do lugar propiciava até a leitura de textos mais longos, como os dos cadernos de cultura. Saudosos domingos. Não sei dizer, mas os hábito surgem e se vão sem que muitas vezes percebamos.
Ontem preferi caminhar, respirar o ar puro da floresta, sentir a energia das árvores, apreciar as variações da natureza. Pensei comigo que somos privilegiados de morarmos na cidade que tem uma floresta desta extensão e relativamente próxima de vários bairros. Quem pode, dentro de uma área urbana, estar em trinta minutos em uma floresta? Como podemos, acabamos nos esquecendo dela. Sabemos que, a qualquer momento, podemos pegar um ônibus ou um táxi e ir até lá. Ela permanece à nossa espera. E, de preferência, ensolarada.
Após três horas de passeio, com direito à caminhada, banho de cascata, descanso, reflexão e bate-papo, desci revigorado para a cidade. com a promessa para mim mesmo de voltar no domingo seguinte. Ainda lá, sentado, à beira de um lago, apreciando as vitórias-régias, pensei por que levava tanto tempo para voltar à floresta, sendo ela tão perto e tão agradável.
É provável que em sua cidade não haja uma floresta igual, nem um parque como o Central Park de Nova York, mas deve haver um parque menor, ou uma praça, uma cascata, um lago, algum lugar em que você esteja em contato com a natureza. Você pode ir lá no próximo domingo ou criar o hábito de frequentá-lo aos fins de semana, ou com mais regularidade. Você vai perceber como isto vai lhe fazer bem e como a semana vai ser vivida melhor.
Mais do que o ar novo nos pulmões ou a paisagem nos olhos, trouxe da floresta estas perguntas: Por que não fazemos coisas tão simples e que nos dão tanta satisfação? Por que estamos sempre querendo ir para onde supomos esteja a vida, e não vemos a vida que está a nosso alcance?
KATIA SARKIS

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